quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ASFIXIA

[Photo by plau bleu 2012]


"Dá-me a tua mão. E tu nao hesitaste e não perguntaste e não analisaste e não fizeste contas à vida. Sorriste só. A minha mão esquerda e a tua mão direita. Duas mãos segurando-se uma à outra. Duas mãos a dançar. A tua mão grande, os dedos compridos, esguios, firmes, a agarrarem a minha mão com força, a pegarem e a largarem e a apertarem e a sentirem suavemente a pele e a apertarem outra vez e a fazerem vibrar todos os nervos do meu corpo e a darem mil voltas por trás e pela frente e pelos lados, os teus dedos entrelaçados com os meus, a abraçarem, a colarem as nossas mãos. E depois as mãos soltas e os dedos a desbravarem os secretos caminhos entre as linhas da vida nas palmas das mãos e os braços e os antrebaços nus a acompanharem a dança. Sao precisos dois para dançarem o tango. Nao era uma valsa, nao. Era um tango. Um tango argentino dançado na perfeição pelas mãos de dois desconhecidos. Sem palavra alguma. Nenhuma era precisa. Dua mãos a dançar. Dois estranhos segurando-se pelas mãos. Duas mãos a fazerem amor. As mãos de dois estranhos faziam amor. As mãos faziam amor. Faziam amor."
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“A tua boca é a minha entrada para a asfixia. Porque vagueias tu pelo deserto em busca do vento? Porque persegues a tua sombra? Não encontrarás essa vida que procuras, porque nada permanece.”
 Pedro Paixão 
 

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