[Photo by plau bleu 2012]
"Dá-me a tua mão. E tu nao hesitaste e não perguntaste e não analisaste e
não fizeste contas à vida. Sorriste só. A minha mão esquerda e a tua
mão direita. Duas mãos segurando-se uma à outra. Duas mãos a dançar. A
tua mão grande, os dedos compridos, esguios, firmes, a agarrarem a minha
mão com força, a pegarem e a largarem e a apertarem e a sentirem
suavemente a pele e a apertarem outra vez e a fazerem vibrar todos os
nervos do meu corpo e a darem mil voltas por trás e pela frente e pelos
lados, os teus dedos entrelaçados com os meus, a abraçarem, a colarem as
nossas mãos. E depois as mãos soltas e os dedos a desbravarem os
secretos caminhos entre as linhas da vida nas palmas das mãos e os
braços e os antrebaços nus a acompanharem a dança. Sao precisos dois
para dançarem o tango. Nao era uma valsa, nao. Era um tango. Um tango
argentino dançado na perfeição pelas mãos de dois desconhecidos. Sem
palavra alguma. Nenhuma era precisa. Dua mãos a dançar. Dois estranhos
segurando-se pelas mãos. Duas mãos a fazerem amor. As mãos de dois
estranhos faziam amor. As mãos faziam amor. Faziam amor."
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“A tua boca é a minha entrada para a asfixia. Porque vagueias tu pelo
deserto em busca do vento? Porque persegues a tua sombra? Não
encontrarás essa vida que procuras, porque nada permanece.”.
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Pedro Paixão
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