[photo by play bleu]
"Ela
sabe que não se consegue precisar o momento, a hora, o dia em que uma
pessoa fica apaixonada. Sempre um pouco antes, sempre um pouco depois.
Ela sabe que não se pode revelar definitivamente como, e porquê, uma
pessoa ficou apaixonada por esta pessoa, precisamente esta, e não por
outra muito parecida com ela. Qualquer razão perde a razão. O que uma
pessoa pode sentir é se está ou não apaixonada. Que houve um estreito
abismo, sem saber quando nem como, sobre o qual sabe que saltou. Sem
poder avaliar as consequências. Como uma doença. Não é só isso. Uma
pessoa quando está apaixonada não está continuamente apaixonada, muito
menos com a mesma intensidade. Varia muito. Acontece uma pessoa duvidar
se está ou não apaixonada. Ficar totalmente baralhada. É mais fácil uma
pessoa sentir a paixão por outra pessoa quando ela não está presente.
Isso parece-lhe um facto. A sua ausência aumenta o poder da sua
presença. A paixão é mais sua, mais inteira, há menos interferências.
Com ela é assim. Sente um vazio que só o outro, único no mundo todo, vai
poder preencher, sarar, cuidar. Uma espécie de saudade imperiosa. Uma
questão de vida ou de morte."
Pedro Paixão
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